domingo, 1 de julho de 2012

A alma católica dos evangélicos no Brasil

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Por Augustus Nicodemus Lopes
Os evangélicos no Brasil nunca conseguiram se livrar totalmente da influência do Catolicismo Romano. Por séculos, o Catolicismo formou a mentalidade brasileira, a sua maneira de ver o mundo (“cosmovisão”). O crescimento do número de evangélicos no Brasil é cada vez maior – segundo o IBGE, seremos 40 milhões neste ano de 2006 – mas há várias evidências de que boa parte dos evangélicos não tem conseguido se livrar da herança católica. É um fato que a conversão verdadeira (arrependimento e fé) implica uma mudança espiritual e moral, mas não significa necessariamente uma mudança na maneira como a pessoa vê o mundo. Alguém pode ter sido regenerado pelo Espírito e ainda continuar, por um tempo, a enxergar as coisas com os pressupostos antigos. É o caso dos crentes de Corinto por exemplo. Alguns deles haviam sido impuros, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores. Todavia, haviam sido lavados, santificados e justificados “em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.9-11), sem que isso significasse que uma mudança completa de mentalidade houvesse ocorrido com eles. Na primeira carta que lhes escreve, Paulo revela duas áreas em que eles continuavam a agir como pagãos: na maneira grega dicotômica de ver o mundo dividido em matéria e espírito (que dificultava a aceitação entre eles das relações sexuais no casamento e a ressurreição física dos mortos – capítulos 7 e 15) e o culto à personalidade mantido para com os filósofos gregos (que logo os levou a formar partidos na igreja em torno de Paulo, Pedro, Apolo e mesmo o próprio Cristo – capítulos 1 a 4). Eles eram cristãos, mas com a alma grega pagã. Da mesma forma, creio que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica. Antes de passar às argumentações, preciso esclarecer um ponto. Todas as tendências que eu identifico entre os evangélicos como sendo herança católica, no fundo, antes de serem católicas, são realmente tendências da nossa natureza humana decaída, corrompida e manchada pelo pecado, que se manifestam em todos os lugares, em todos os sistemas e não somente no Catolicismo. Como disse o reformado R. Hooykas, famoso historiador da ciência, “no fundo, somos todos romanos” (Philosophia Liberta, 1957). Todavia, alguns sistemas são mais vulneráveis a essas tendências e as absorveram mais que outros, como penso que é o caso com o Catolicismo no Brasil. E que tendências são essas?
1) O gosto por bispos e apóstolos – Na Igreja Católica, o sistema papal impõe a autoridade de um único homem sobre todo o povo. A distinção entre clérigos (padres, bispos, cardeais e o papa) e leigos (o povo comum) coloca os sacerdotes católicos em um nível acima das pessoas normais, como se fossem revestidos de uma autoridade, um carisma, uma espiritualidade inacessível, que provoca a admiração e o espanto da gente comum, infundindo respeito e veneração. Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos autonomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira. A doutrina reformada do sacerdócio universal dos crentes e a abolição da distinção entre clérigos e leigos ainda não permearam a cosmovisão dos evangélicos no Brasil, com poucas exceções.
2) A idéia de que pastores são mediadores entre Deus e os homens – No Catolicismo, a Igreja é mediadora entre Deus e os homens e transmite a graça divina mediante os sacramentos, as indulgências, as orações. Os sacerdotes católicos são vistos como aqueles através de quem essa graça é concedida, pois são eles que, com as suas palavras, transformam, na Missa, o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo; que aplicam a água benta no batismo para remissão de pecados; que ouvem a confissão do povo e pronunciam o perdão de pecados. Essa mentalidade de mediação humana passou para os evangélicos, com poucas mudanças. Até nas igrejas chamadas históricas, os crentes brasileiros agem como se a oração do pastor fosse mais poderosa do que a deles e como se os pastores funcionassem como mediadores entre eles e os favores divinos. Esse ranço do Catolicismo vem sendo cada vez mais explorado por setores neopentecostais do evangelicalismo, a julgar por práticas já assimiladas como “a oração dos 318 homens de Deus”, “a prece poderosa do bispo tal”, “a oração da irmã fulana, que é profetisa”, etc.

3)
O misticismo supersticioso no apego a objetos sagrados – O Catolicismo no Brasil, por sua vez influenciado pelas religiões afro-brasileiras, semeou misticismo e superstição durante séculos na alma brasileira: milagres de santos, uso de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, objetos ungidos e santificados, água benta, entre outros. Hoje, há um crescimento espantoso, entre setores evangélicos, do uso de copo d’água, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, pentes santos do kit de beleza da rainha Ester, peças de roupa de entes queridos, oração no monte, no vale; óleos de oliveiras de Jerusalém, água do Jordão, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideão (distribuídas em profusão), o cajado de Moisés... é infindável e sem limites a imaginação dos líderes e a credulidade do povo. Esse fenômeno só pode ser explicado, ao meu ver, por um gosto intrínseco pelo misticismo impresso na alma católica dos evangélicos.
4) A separação entre sagrado e profano – No centro do pensamento católico existe a distinção entre natureza e graça, idealizada e defendida por Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica. Na prática, isso significou a aceitação de duas realidades coexistentes, antagônicas e freqüentemente irreconciliáveis: o sagrado, substanciado na Santa Igreja, e o profano, que é tudo o mais no mundo lá fora. Os brasileiros aprenderam durante séculos a não misturar as coisas: sagrado é aquilo que a gente vai fazer na Igreja: assistir Missa e se confessar. O profano – meu trabalho, meus estudos, as ciências – permanece intocado pelos pressupostos cristãos, separado de forma estanque. É a mesma atitude dos evangélicos. Faltanos uma mentalidade que integre a fé às demais áreas da vida, conforme a visão bíblica de que tudo é sagrado. Por exemplo, na área da educação, temos por séculos deixado que a mentalidade humanista secularizada, permeada de pressupostos anticristãos, eduque os nossos filhos, do ensino fundamental até o superior, com algumas exceções. Em outros países, os evangélicos têm tido mais sucesso em manter instituições de ensino que, além de serem tão competentes como as outras, oferecem uma visão de mundo, de ciência, de tecnologia e da história oriunda de pressupostos cristãos. Numa cultura permeada pela idéia de que o sagrado e o profano, a religião e o mundo, são dois reinos distintos e freqüentemente antagônicos, não há como uma visão integral surgir e prevalecer, a não ser por uma profunda reforma de mentalidade entre os evangélicos.

5)
Somente pecados sexuais são realmente graves – A distinção entre pecados mortais e veniais feita pelo catolicismo romano vem permeando a ética brasileira há séculos. Segundo essa distinção, pecados considerados mortais privam a alma da graça salvadora e a condenam ao inferno, enquanto que os veniais, como o nome já indica, são mais leves e merecem somente castigos temporais. A nossa cultura se encarregou de preencher as listas dos mortais e dos veniais. Dessa forma, enquanto se pode aceitar a “mentirinha”, o jeitinho, o tirar vantagem, a maledicência, etc., o adultério se tornou imperdoável. Lula foi reeleito cercado de acusações de corrupção. Mas, se tivesse ocorrido uma denúncia de escândalo sexual, tenho dúvidas de que teria sido reeleito ou de que teria sido reeleito por uma margem tão grande. Nas igrejas evangélicas – onde se sabe pela Bíblia que todo pecado é odioso e que quem guarda toda a lei de Deus e quebra um só mandamento é culpado de todos – é raro que alguém seja disciplinado, corrigido, admoestado, destituído ou despojado por pecados como mentira, preguiça, orgulho, vaidade, maledicência, entre outros. As disciplinas eclesiásticas acontecem via de regra por pecados de natureza sexual, como adultério, prostituição, fornicação, adição à pornografia, homossexualismo, etc., embora até mesmo esses estão sendo cada vez mais aceitáveis aos olhos evangélicos. Mais um resquício de catolicismo na alma dos evangélicos?

O que é mais surpreendente é que os evangélicos no Brasil estão entre os mais anticatólicos do mundo. Só para ilustrar (e sem entrar no mérito dessa polêmica), o Brasil é um dos países onde convertidos do catolicismo são rebatizados nas igrejas evangélicas. O anticatolicismo brasileiro, todavia, se concentrou apenas na questão das imagens e de Maria e em questões éticas como não fumar, não beber e não dançar. Não foi e não é profundo o suficiente para fazer uma crítica mais completa de outros pontos que, por anos, vêm moldando a mentalidade do brasileiro, como mencionei acima. Além de uma conversão dos ídolos e de Maria a Cristo, os brasileiros evangélicos precisam de conversão na mentalidade, na maneira de ver o mundo. Temos de trazer cativo a Cristo todo pensamento, e não somente os nossos pecados. Nossa cosmovisão precisa também de conversão (2 Co 10.4-5).

Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais católicas de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas, me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neocatolicismo tardio que surge e cresce em nosso país, onde até os evangélicos têm alma católica. 
Fonte: [ Editora Fiel ]

Confissões de um "herege"


Um “herege” sendo queimado pela inquisição Católica


Por Ruy Marinho

Eu assumo: eu sou um herege!

Não se assuste, nem se escandalize! Vou explicar, e você vai entender (ou não):


Há algum tempo venho recebendo várias mensagens, muitas delas ofensivas, acusando-me de “herege” por publicar textos que refutam certos atos abusivos e anti-bíblicos de alguns líderes. Embora eu preze sempre pela ética em contrapô-los no campo das idéias (teológicas e comportamentais), ainda sim sou taxado de herege por julgar os tais “ungidos de Deus”.


Quer saber? Sim, eu sou um herege mesmo! Concordo plenamente com esta afirmação dos “ungidistas” neopentecostais.


Se heresia significa concordar que o meio evangélico brasileiro passa por uma crise ética e teológica, onde muitos que se dizem “cristãos” possuem atitudes não condizentes ao “título” recebido, pois uma das principais características está exatamente no comportamento (Gl 5:22-23), eu sou um herege.


Se heresia significa não aceitar as distorções bíblicas feitas pelos falsos profetas, que se julgam ungidos de Deus, intocáveis e inerrantes, que fraudulentamente afirmam receber extra-revelações de Deus além da Bíblia (1Co 4:6, Gl 1:8-9, Hb 4:12, Hb 11:1-2, Ap 22:18-19), que através de seus “umbigos ungidos” manipulam e aterrorizam seus membros eclesiais, conduzindo-os a irracionalmente crer em suas respectivas falsas profetadas, eu sou um herege.


Se heresia significa discordar com o atual ensino bíblico de algumas igrejas, superficiais em sua essência, onde se já não bastasse a fragmentação e a distorção de textos sagrados que são utilizados para “torcer” o verdadeiro significado das passagens, também pelo fato de colocarem as experiências místicas como bússola para interpretar a Bíblia, e ainda temos que engolir os “enlatados importados” que chegam anualmente no Brasil (G12, teologia da prosperidade, restauração apostólica, unção dos quatro seres, unção do riso, unção financeira e várias outras unções que nunca acabam, quebra de maldições hereditárias, igreja emergente, teísmo aberto, liberalismo teológico etc.), eu sou um herege.


Se heresia é concordar que os pregadores ditos “milagreiros” são falsos profetas, pois “materializam” a fé com lenços ungidos, toalhinhas com suor mágico, rosas ungidas, água fluidificada, réplica da arca da aliança, sabonetes de arruda do descarrego etc; utilizando a “boa fé” das pessoas para arrancar até ó último tostão e ensinando um falso evangelho místico baseado em fetiches (Rm 1:17 e 10:17, 2Co 5:6-7, Hb 11:1), eu sou um herege.


Se heresia é discordar dos autodenominados apóstolos, que pregam um triunfalismo exclusivista e defendem uma vida em abundância “financeira”, constroem mega-templos luxuosos, compram jatinhos particulares para viajar pelo mundo com a desculpa de “pregar o evangelho” e dirigem carros blindados caríssimos com relógios de ouro no pulso, enquanto muitos pobres da própria igreja necessitam de auxílio urgente (At 2.44-45, At 4:32-35, 1Jo 3.16-17); que aterrorizam os fieis com a teologia malaquiana da barganha - se não devolver o dízimo estará roubando à Deus, líderes estes que na verdade “avançam” somente nas finanças pessoais particulares às custas dos dízimos e ofertas dos fiéis (2 Co 2:17, 1Tm 6:5), ah... eu sou um herege convicto!


Se heresia significa defender que a igreja não deve dar espaço aos liberais relativistas da Bíblia, nem para os “evangélicos progressistas”, que com suas ideologias marxistas querem transformar a Igreja em uma teocracia socialista, que espalham conceitos contrários as verdades bíblicas e ainda articulam acordos políticos com partidos que defendem o aborto, homossexualismo, a destruição da família etc., sou um herege declarado!


Se as minhas posições expostas acima significar ser tachado de “herege”, então assumo que sou um! Afinal, Paulo, Pedro, Tiago, João e todos os demais apóstolos foram considerados hereges por pregar o evangelho genuíno e defende-lo de falsas doutrinas. Lutero foi considerado herege por levantar as 95 teses contra o Catolicismo Romano. Calvino, Zwínglio, Spurgeon e tantos outros grandes pregadores foram hereges em seus tempos por defender o evangelho e ir contra as seitas e heresias. Porque eu não seria também um “herege”?


Inquietações irônicas à parte, claro que eu não sou nenhum herege. O fato é que, da mesma forma que ocorreu nas épocas da igreja primitiva e da reforma, muita gente hoje utiliza o termo “herege” de forma desonestamente pejorativa, direcionando-o para todos aqueles que se opõem aos seus respectivos líderes. A palavra heresia, deriva do termo grego
háiresis, que significa “partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escolha”. No contexto cristão, a palavra é empregada para doutrinas anti-bíblicas defendidas por alguém ou grupo sectário que distorce o texto sagrado, inserindo inverdades que são contrárias a Bíblia. O apologista cristão Josh McDoweell define heresia como “uma perversão, uma distorção do Cristianismo bíblico e/ou a rejeição dos ensinos históricos da Igreja Cristã”.

Deus nos deu a responsabilidade de combater as seitas, heresias, os abusos e as distorções Bíblicas que comprometem a sã doutrina. Ninguém, absolutamente, está imune a correção, pois as verdades bíblicas sempre vão prevalecer. Não se engane leitor, ao contrário do que muitos dizem, é seu dever ser um verdadeiro apologista cristão. Com isso, você não estará sendo um “herege”, mas sim um cristão autêntico (2Tm 4:2-4).


Charles H. Spurgeon afirmou com precisão que "
Nada deveria ser o alvo do pregador a não ser a glória de Deus através da pregação do evangelho da salvação". Ou seja, a pregação deve ser fundamentalmente Cristocêntrica (1Co 3:11). Caso contrário, tem algo errado! Portanto, desconfie de pregações antropocêntricas que substituam doutrinas bíblicas fundamentais sobre depravação total, eleição, graça, redenção, salvação, justificação, regeneração, arrependimento, conversão, santificação, dentre outras por: decretar, determinar, declarar, reivindicar, apossar-se, extravagar etc. Afinal, a Bíblia nos alerta: “Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.” (II Pedro 2:1)

Soli Deo Gloria!
 
Fonte:  Bereianos

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